Entenda mais sobre a Síndrome Pós-Covid

Dra. Camila Torres
Dra. Camila Torres

Médica - CRM/AL 8636

vírus SARS-COV-2

O que é a Síndrome pós-Covid?

A Síndrome pós-Covid-19, também chamada Covid longa, ou Covid pós-aguda, ou Covid crônica, surgiu como uma consequência dos efeitos nocivos que o vírus SARS-COV-2 causa ao nosso organismo, a médio e longo prazo. São sinais e sintomas persistentes, que se desenvolvem em decorrência da infecção pelo novo coronavírus, a partir da terceira a quarta semanas após a fase inicial da doença.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), na condição pós-Covid, a pessoa deve apresentar sintomas doze semanas após os primeiros sintomas de Covid-19; ou ter queixas ou problemas de saúde que permanecem por mais de dois meses; e não deve ter outro diagnóstico que justifique os sintomas.

Dessa forma, para detectar corretamente tais sintomas é fundamental realizar um check up médico, logo após a infecção pelo novo coronavirus.

Como se adquire esta Síndrome?

Trabalhos recentes sugerem que os danos ocasionados pelo vírus em vários órgãos, como pulmão, cérebro, sistema imunológico, circulatório, estão relacionados com a persistência dos sintomas ou até mesmo o aparecimento de novos sintomas, após a fase aguda da doença.

Uma das hipóteses explica que o nosso corpo estaria lutando contra restos biológicos do vírus, que podem permanecer no intestino e linfonodos por meses, o que causa um processo inflamatório e desencadeia os sintomas prolongados.

Outra hipótese é sobre uma resposta inflamatória autoimune que surgiria a partir da fase inflamatória da Covid, em decorrência de uma resposta exagerada ao vírus, com produção aumentada de autoanticorpos (células de defesa que atacam erroneamente o próprio organismo) e, com isso, a desregulação da imunidade. 

Além disso, outras teorias do que desencadeia a síndrome pós-Covid são associações multifatoriais ainda não totalmente esclarecidas, como os pacientes com maior gravidade, ao maior tempo de internação hospitalar, necessidade de unidade de terapia intensiva ou intubação, impactos psicossociais, reativação de outros vírus a exemplo do vírus Epstein-Barr, dentre outros fatores.

Quem tem risco aumentado de ter a Covid longa?

O risco de ter a Covid longa aumenta em pessoas com muitas comorbidades em especial o Diabetes tipo 2, especialmente idosos acima de 70 anos, mulheres e polissintomáticos, com alta carga viral na fase aguda da infecção de COVID-19,  além de estar em investigação um componente genético envolvido na predisposição à persistência de sintomas a longo prazo. 

A vacina protege contra a Síndrome?

Estudos demonstram que de 10% a 30% das pessoas que tiveram Covid-19 já desenvolveram essa síndrome. Na época, a maioria dessas pessoas ainda não haviam sido vacinadas. Ainda não há dados suficientes que digam se a vacinação protege contra a persistência do sintomas de Covid-19, apesar de já estar bem estabelecido que as pessoas vacinadas estão mais protegidas contra formas mais graves da doença. Aguardam-se mais trabalhos científicos com dados que embasem uma teoria de que a vacina também diminuiria os casos da Covid longa.

De qualquer maneira, independente dos dados, a melhor estratégia para evitar o aparecimento da síndrome pós-Covid-19 é a prevenção. E a vacinação, nesse caso, ajuda e muito. Além de outras medidas bastante eficazes como o uso de máscaras faciais e manter o distanciamento social de, pelo menos, 1 metro, evitando aglomerações em lugares públicos. Numa linha diretamente proporcional, se tivermos menos casos de infecção na população, também teremos menos casos de síndrome pós-Covid-19.

Quais são os principais sintomas da doença?

Diversos são os sinais e sintomas que acometem os pacientes na pós-Covid-19, dentre eles, estão principalmente:

  • fadiga severa
  • cansaço
  • dores pelo corpo
  • esquecimentos
  • além de redução da capacidade para atividades físicas
  • ansiedade
  • depressão
  • distúrbios do sono
  • estresse pós-traumático
  • distúrbios de coagulação
  • trombose
  • arritmias
  • piora ou desencadeando de doenças crônicas como Diabetes e Hipertensão Arterial
  • alteração da microbiota gastrintestinal podendo ocasionar disbiose
  • queda de cabelo (alopecia)

 

Chama atenção para uma pesquisa recém publicada na revista científica The Lancet Psychiatry, que acompanhou 236.379 pacientes da rede de saúde do Estados Unidos que positivaram para SARS-COV 2, e dentro de um período de 06 meses, 34% deles desenvolveram distúrbios mentais, sendo os mais comuns Transtornos de Ansiedade e de Humor como a Depressão. Segundo o estudo, parece haver uma associação entre esses problemas de saúde mental com casos mais graves da Covid-19. Ainda não se sabe qual a fisiopatologia por trás dessa relação.

Por que buscar ajuda médica?

O diagnóstico da síndrome pós-Covid-19 depende dos dados clínicos na investigação das anormalidades que acometem cada órgão específico. Recomenda-se o acompanhamento e avaliação por um médico para o diagnóstico preciso e melhor condução terapêutica.

Dentre alguns dos exames que podem ser feitos, estão exames radiológicos como tomografia ou angiotomografia computadorizada de tórax; exames laboratoriais com avaliação de carências nutricionais, eletrocardiograma. Todos estes exames devem ser solicitados de acordo com os sistemas afetados e de forma personalizada para atender o paciente e suas peculiaridades.

Qual é o tratamento para a Sídrome Pós-Covid?

Por fim, o tratamento deve ser igualmente individualizado caso a caso, dependendo do diagnóstico encontrado e das necessidades do paciente que precisam ser atendidas, adotando-se a melhor estratégia para promover a recuperação mais rápida, que é o acompanhamento multidisciplinar.

De um modo geral, para todas as pessoas, orienta-se adquirir um estilo de vida saudável, consumir alimentos que ajudam na diminuição da inflamação sistêmica. Também é importante, hidratar-se bem, buscar gerir o estresse com práticas como meditação, yoga, terapia. Praticar exercícios físicos regularmente, além dos tratamentos específicos, de acordo com os diagnósticos realizados pelo médico. 

Referências