Saiba mais sobre os principais sintomas da Síndrome do Intestino Irritável, suas causas e os tratamentos da atualidade.
O que é a Síndrome do Intestino Irritável?
A síndrome do intestino irritável (SII) é um conjunto de sinais e sintomas, que caracterizam a doença gastrointestinal funcional. Como o próprio nome sugere, o intestino fica “irritado”, apresentando dor abdominal recorrente, com alteração do hábito intestinal (diarreia ou constipação).
Atualmente, o diagnóstico está cada vez mais comum na população, sendo uma das principais causas de dor abdominal no consultório médico. É mais comum entre as mulheres sob a forma de diarreia e constipação.
Esta síndrome do intestino irritável é classificada de acordo com o predomínio de diarreia ou constipação no quadro clínico. Para isso, o paciente deve registrar um recordatório diário de evacuações por, pelo menos, 2 semanas, utilizando a escala de Bristol (Bristol Stool Form Scale).
Sintomas
O quadro clínico da Síndrome do Intestino Irritável é bastante sugestivo para o diagnóstico, após terem sido descartadas outras condições, durante a investigação. Os principais sintomas são:
- Dor abdominal em cólicas recorrente, que varia de intensidade e localização, e se altera com o ato de evacuar (melhora ou piora); Com frequência de, pelo menos, 01 vez por semana, nos últimos 03 meses, e início dos sintomas há, no mínimo, 06 meses;
- O hábito intestinal pode intercalar entre períodos de constipação, função intestinal normal e diarreia;
- Alteração na aparência das fezes;
- Diarréia que ocorre geralmente pela manhã, após refeições, com fezes de pequeno a médio volume, tenesmo e urgência evacuatória;
- Sintomas gastrointestinais altos como refluxo gastroesofágico, disfagia, saciedade precoce, dispepsia, náuseas e vômitos;
- Meteorismo;
- Flatulência;
- Distensão abdominal;
- Desordens psiquiátricas como ansiedade, depressão, hipocondria, fobias;
- Maior associação com Fibromialgia, Enxaqueca, Cistite Intersticial e Síndrome da Fadiga Crônica.
Não ocorre, na Síndrome do Intestino Irritável, febre, diarreia volumosa, noturna, com fezes sanguinolentas, e esteatorreia (presença de gordura nas fezes). A dor abdominal não costuma interromper o sono à noite, nem vir acompanhada de anorexia, desnutrição ou perda de peso importante. Caso isso ocorra, sugere-se investigar outras doenças com ajuda médica.
Causas
As causas da Síndrome do Intestino Irritável ainda não estão completamente esclarecidas. Contudo, estudos revelam que o trato gastrointestinal é bastante sensível aos fatores psicossociais, principalmente, à ansiedade do estresse e depressão. Como resposta, o organismo libera, dentre outras substâncias, o cortisol e a adrenalina, que no estômago, causam aumento da produção do suco gástrico. Essa alta acidez irrita o sistema digestivo, causando dores abdominais e náuseas.
Além disso, no intestino, propriamente dito, o estresse libera descargas de adrenalina, que atrapalham o funcionamento intestinal e a produção local de serotonina (neurotransmissor que dá sensação de bem-estar e felicidade), causando espasmos, dores de barriga inesperadas, mal-estar.
Outras possíveis causas associadas a esta Síndrome são um aumento da sensibilidade de nervos aferentes do trato gastrintestinal, ativação anormal do sistema imune da mucosa intestinal, levando a inflamação e alteração de sua permeabilidade (Leaky Gut), mudanças na microbiota intestinal.
Diagnóstico
Deve-se considerar a história familiar de patologias como Doença de Chron, Retocolite Ulcerativa e Doença Celíaca, para possíveis diagnósticos diferenciais.
Também é importante revisar medicações de uso regular que possam estar causando alteração do hábito intestinal, e confundido com a Síndrome do Intestino Irritável, como os que causam constipação e diarreia.
Na consulta de avaliação de um paciente com suspeita de Síndrome do Intestino Irritável, além de tudo isso, já mencionado, serão solicitados exames laboratoriais necessários para aprofundar a investigação diagnóstica, como hemograma, calprotectina fecal, antiendomísio IgA ou antitransglutaminase IgA, IgA total, TSH, exame parasitológico de fezes em 03 amostras, entre outros.
O paciente deve estar bem orientado por seu médico de que é uma doença crônica, com períodos intercalados de exacerbação e remissão dos sintomas. Ainda não há cura, mas é possível ter o controle dos sintomas e mais qualidade de vida. A Síndrome do Intestino Irritável, por si só, não apresenta risco de evoluir para neoplasia.
Tratamento
No tratamento, é fundamental buscar mudanças no estilo de vida e hábitos alimentares dos pacientes, através de:
- Estimular a prática de exercícios físicos;
- Manejo do estresse com práticas de relaxamento como meditação, yoga e respiração consciente;
- Apoio psicoterápico, com Terapia Cognitivo Comportamental, pois, como visto anteriormente, há estreita relação da Síndrome do Intestino Irritável com transtornos depressivos e de ansiedade;
- Assegurar a benignidade da doença e estabelecer uma boa relação médico-paciente;
- Acompanhamento dietético, de preferência, junto com nutricionista, inserindo a dieta FODMAP (remover alimentos que contêm alto teor de carboidratos fermentáveis e polióis de açúcar) e em alguns casos, restrição de glúten e leite de vaca;
- Aumentar oferta de alimentos ricos em triptofano, magnésio e vitamina B6, pois aumentam a produção de serotonina (oleaginosas, sementes de abóbora, banana, salmão);
- Praticar a técnica do MINDFUL EATING na rotina alimentar;
- Evitar ingerir cafeína e álcool, especialmente se predomínio de diarreia.
O tratamento farmacológico está indicado para os pacientes com sintomas leves e que não responderam às medidas iniciais e com sintomas moderados a graves.
Dentre as opções de fármacos e suplementos, existem opções para predomínio de constipação: as fibras solúveis (psyllium), Polietilenoglicol 4000, Lubiprostona; e opções para predomínio de diarreia: loperamida, colestiramina, ondansetrona.
Além disso, pode-se utilizar para dor abdominal antiespasmódicos. Outros tratamentos podem ser com uso de antidepressivos, probióticos (especialmente a cepa Bifidobacterium infantis 35624 e o lactobacillus rhamnosus GG).
Novos tipos de terapia alternativa, como uso de simbióticos e transferência de microbiota fecal, podem ser feitos para tentar modular a composição da microbiota benéfica para os pacientes com Síndrome do Intestino Irritável.
É necessário manter o acompanhamento desses pacientes após a consulta para identificar possíveis alterações de comportamento, sintomas, complicações ou efeitos colaterais de medicamentos e ajustes alimentares.
Busque ajuda médica
Se você sente algum dos sintomas da Síndrome do Intestino Irritável citados neste artigo, ainda que ocasionalmente, mas com certa frequência, procure ajuda médica. É importante ressaltar que sem o tratamento adequado, este problema pode trazer sérios riscos a sua saúde.
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